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A Central de Defesa da Saúde
da Mulher decreta estado de emergência: O HPV,
que já ocupa o primeiro lugar no ranking das doenças sexualmente transmissíveis
no Brasil, fez 10 milhões de vítimas em 2008.
Rita,
historiadora de 32 anos, está solteira há quatro. Na busca por um homem para
chamar de seu, saiu com Carlos, depois conheceu Flávio, pensou que ia engatar
namoro com Beto... O fato é que, sim, transou algumas vezes sem proteção e,
pior, passou todo esse tempo sem visitar o ginecologista. Quando finalmente
marcou a consulta, teve uma surpresa assustadora: apresentava lesões causadas
pelo vírus
HPV do tipo agressivo - aquele que pode causar câncer
de colo de útero. Resultado, está em tratamento há 18 meses. "Já me
submeti a quatro cauterizações químicas e a médica recomendou ainda a raspagem
da área afetada."
Katia,
publicitária de 27 anos, namorava havia sete quando recebeu do ginecologista o diagnóstico
de HPV. "Quase caí da cadeira. Como era possível? Fazia anos só
transava com o Caio e mais ninguém!" Além de desconfiar que tinha sido
traída, precisou passar por dolorosas cauterizações para dar fim às lesões que
poderiam evoluir para câncer
de colo de útero.
Histórias
como a de Rita e Katia são cada dia mais comuns. O perigoso HPV
(papiloma vírus humano) não faz distinção entre estado civil, idade e
classe social - basta ter vida sexual ativa para entrar no grupo de risco.
Atualmente, 80% da população mundial está exposta ao vírus a partir do momento
em que começa a transar, 30% dos homens e mulheres adultos já estão
contaminados e 1% terão câncer. E o panorama não fica por aí: estimativas
mundiais indicam 500 mil novos casos por ano! Como
o HPV consegue se disseminar tão rápido?
Imagine
que Livia conhece João, abdômen de tanquinho, fôlego de gato, rosto de top
model, e resolve dispensar a camisinha. Basta esse vacilo para correr o risco
de fazer parte das estatísticas do vírus. E não pense que João estava
escondendo a informação - ele pode ser portador sem saber. É isso mesmo: se
quem vê cara não vê coração, vê muito menos atestado de saúde. O HPV,
sorrateiro, pode ficar latente no organismo por até 20 anos. Não é à toa que
estudos recentes da Santa Casa de São Paulo indicam que, no Brasil, 10 milhões
de mulheres e 2,8 milhões de homens tenham algum tipo
de HPV, que ocupa o primeiro lugar entre as DSTs. Sergio Mancini Nicolau,
chefe da disciplina de oncologia ginecológica na Universidade Federal de São
Paulo (Unifesp), vai além e alerta que estamos falando do mal viral com maior
incidência em todo o mundo: 10% da população do planeta terá HPV durante sua
vida sexual.
Fonte:
Revista Nova (Texto Sarah Megginson e Tamara Foresti)